sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

ÁFRICA – Uma classe proletária à deriva.

Trata-se de um continente fervilhando em revoluções e em constante guerra civil. Continente extremamente pobre e de uma economia pré-capitalista em média, e onde a economia é mais desenvolvida, os produtos são exportados para os países desenvolvidos, a pauta de exportações é sempre de matérias primas ou insumos importantes como petróleo.

Embora renegado a segundo plano pelos países centrais e pela esquerda revolucionária, nem sempre foi assim. Primeiro foi objeto de cobiça pelas potências imperialistas da Europa no século XIX até a metade do século XX. No processo de descolonização, o continente africano caiu na teia da disputa entre as superpotências: EUA e URSS. Com o fim da Guerra-Fria e o desmantelamento do Leste Europeu, desapareceu toda a gama de ajuda e suporte que as duas superpotências forneciam.

É diante deste quadro que se encontra o continente africano ainda hoje. Pela primeira vez, após quase dois séculos, o destino está entregue ao próprio povo africano. Apesar disso, a maioria das guerras civis no continente são uma macabra luta racial de submeter uma etnia sobre a outra . Quando um grupo toma o poder, reflete a estrutura de democracia burguesa e alinhada da antiga metrópole. Há, pelo menos, sete guerras em andamento no continente, provocando um gigantesco contingente de refugiados e deslocados pela África, que chega ao número de 20 milhões. Esta realidade justifica a importância de se estudar e intervir na realidade africana.

Terminada esta pequena apresentação, passemos aos pormenores da África.

BREVE HISTÓRIA DA ÁFRICA - HISTÓRICO DE ESPOLIAÇÃO BURGUESA.

Os povos africanos tiveram modos de vida próprios e organização própria, que não condizia, é claro, com a concepção ocidental branca e européia, eram organizadas por meio de nações e com hierarquia própria, semelhante às monarquias européias. Por serem nações formadas por etnias. Aliás, reivindica-se aqui, a não utilização do termo “tribos” para se referir a estas nações, pois: “...o preconceito teima em chamar tribos às nações africanas, sem ter em conta que não podem ser considerados tribos, grupos humanos de mais de 60 milhões de pessoas, como os Hauçás, superiores ou semelhantes em número às populações da Bélgica, do Chile e da Suécia, quando não, da Argentina e da Espanha”. (Estudos avançados. O Brasil, a África e o Atlântico no século XXI).

O primeiro contato com o homem branco ocidental começou pelo litoral, e durante séculos foi assim, no século XV, com os portugueses, espanhóis e ingleses, principalmente. Neste período, começava a florescer na Europa o capitalismo, e o contato com os povos africanos veio a cair como uma luva para a futura classe dominante, pois o modo capitalista de produção necessita sugar o trabalho alheio para acumulação e reprodução do capital. Neste sentido, a comercialização de escravos pelas próprias nações africanas era vital para isso.

A falta de um estudo aprofundado sobre a História da África e consequentemente sobre a dinâmica demográfica, histórica e econômica antes do contato com os brancos, nos dá uma falsa impressão de que, o continente era composto apenas por “negões”, todos iguais, em que se desprezavam as nações, as etnias e suas dinâmicas, isto é, a diverside multicultural. Haviam muitos pontos de intersecção para resolução dos problemas entre nações, tal qual acontece nos países ocidentais e orientais, isto é, pela guerra. Assim, ao contrário do que pregam os livros tradicionais (e ultrapassados)a escravidão negra não se deu porque o negro vendia negro e estimulava o comércio, ou ainda, que a submissão fazia parte do caráter da raça. Os escravos negros nada mais são do que produto de disputas entre as nações africanas, ou resultado de dívidas, como aconteceu na antiguidade ocidental, notadamente na Grécia e em Roma.

Na medida em que se aprofundava o contato dos africanos com os europeus, estes procuravam estimular as rivalidades exatamente para ter uma fonte de braços humanos a sua disposição. Para isso, cooptava-se chefe de nações, lideranças populares que “colaboravam” com a causa branca e ocidental.

Até a segunda metade do século XIX, o contato dos africanos com os europeus não passava da linha do litoral, como mostra o mapa abaixo:




Como se pode ver no mapa, os países europeus que mais freqüentavam as costas africanas foram Portugal (pioneiro), França, Inglaterra e Espanha. O que fugia um pouco à regra é o norte, que vai da linha do Egito até o limite com a Argélia, ainda sobre o jugo do Império Otomano.
Na medida em que o poderio naval de Portugal caia e se dava a ascensão industrial inglesa, e com a consolidação capitalista também em outros países europeus, a expoliação africana se tornou mais intensa. Agora já não era mais a mão de obra escrava que se comercializava, começou uma política de dominação colonial dentro do continente e aumentou a exploração capitalista do solo africano, de onde se extraia pimenta, dendê, marfim, amendoim; implantaram a cultura do milho, arroz por meio de monoculturas em latifúndios. Foi exatamente neste período que as metrópoles utilizaram as divergências entre as nações africanas para destruí-las e saquear a sua riqueza.

Mas, se por um lado, os colonizadores estimulavam as guerras locais para espoliá-los, aumentava-se os antagonismos entre as potências européias sobre os “direitos” de exploração das riquezas e do povo. Para resolver tal impasse, os países imperialistas se reuniram na Conferência de Berlim, cidade alemã, em 1884 para definir a divisão do continente entre as potências européias.

Somente a partir deste fórum, é que aguçou o interesse dos países imperialistas pelo interior da África. É que um se definiu na conferência que o direito de exploração estva legitimado por meio de “acordos” firmados com as liderança locais africanas, cujo método para tal fim era a capitulação, cooptação e até ludibriação, isto é, os brancos europeus “pediam” emprestado a “honra” de trabalhar em suas terras. Começou então a corrida dos europeus para firmarem títulos de propriedade em face aos demais imperialistas. Desta forma, o mapa da África foi alterado em relação a situação pré Conferência de Berlim, conforme este mapa abaixo:


Reparem que se trata de um mapa atual, as cores apenas indicam as áreas de dominação dos países imperialistas. O mais importante é que os limites dos países africanos coincidem com os limites da dominação colonial. Um exemplo que ilustra bem isso é a atual Republica Democrática do Congo, antiga dominação belga, fazia limites ao norte com possessões inglesas (Sudão e Uganda) e francesas (Rep. Centro Africana), ao oeste, também com possessões francesas( Congo); ao sudoeste, possessões portuguesas (Angola); ao sul, dominação inglesa (Zâmbia); a leste, possessões alemãs (Ruanda,Tanzânia e Burundi). Por mais dividida que esteja o continente, ela não ultrapassa os limites das dominações metropolitanas umas das outras. Não há nenhum país africano que tenha o seu território estendido e mais de uma antiga dominação.

Na divisão da África pelas potências européias não houve qualquer preocupação com as diferenças culturais, étnicas entre as nações africanas. Pelo contrário, elas foram estimuladas conforme já citado acima. A questão, porém, é que nações inimigas ficaram no mesmo território. Estria lançada então as base para as diversas guerras civis que eclodiram na segunda metade do século XX e se tornaram mais sangrentas a partir da década de 90.

Começa um movimento de emancipação nas colônias americanas e começa um sentimento nacionalista por aqui. A perda das colônias americanas por este processo faz com que as potência imperialistas se joguem com mais força na disputa por colônias na África e na Ásia, de forma que se estaria criando as condições materiais para a eclosão das guerras imperialistas do século XX.

Com as antigas potências imperialistas destruídas pelas Duas Grandes Guerras, dos escombros surgem duas novas potências mundiais que ditariam os rumos do planeta: Estados Unidos e União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, que disputavam cada parte do mundo não somente do ponto de vista econômico, mas político, cultural,e ideológico também, começava também a Guerra Fria.

Neste novo contexto é que acontece o movimento de independência dos estados africanos. Mas a independência formal de tais países não significou independência de fato, pelas razões a seguir: 1-os limites dos novos estados não respeitavam a distribuição das nações africanas, consolidando os limites territoriais estabelecidos na Conferência de Berlim em 1884, conforme mapa acima; 2- com o inevitável processo de independência,as antigas metrópoles conseguiram manter monopólios comerciais, cooptando os novos lideres dos estados nascentes, garantindo, ainda, a dependência econômica com os países europeus; 3-outro aspecto desta dependência é que em todos as países independentes mantiveram a estrutura de administração igual a das metrópoles, com parlamentarismo e/ou presidencialismo.

A dependência econômica e política dos países africanos e a debilidade das antigas metrópoles, além de serem as causas do movimento de independência formal , foi também os fatores que permitiram que as duas superpotências passassem a disputar a disputar a África. Elas se esforçavam em angariar mais estados sob a sua área de influência. Começava ai mais um martírio para os africanos: as guerras civis.

Da segunda metade do século vinte até a queda do regime soviético em 1991, as guerra civis africanas os grupos organizados que disputavam o poder eram apoiados materialmente por alguma das duas superpotências e quando uma delas tomava o poder era apoiada pela potência que deu suporte, como dinheiro, alimentos, medicamentos....e armas para o seu grupo de influência. Esta política de ajuda ao grupos fica bem nítida quando observamos o papel que a África do Sul tinha com a sua política de segregação racial, impedir o avanço dos grupos alinhados à URSS em Moçambique e em Angola. Outro exemplo notório é o de Angola. Os EUA apoiava o grupo político militar da UNITA, a URSS apoiava o MPLA, que se auto-intitulava “marxista-leninista”.

A guerra civil pela disputa do poder nos estados africanos foi e é uma tragédia para o povo da África. A guerra fria (ou paz fria, segundo Hobsbawn) mantinha algum controle sobre a catástrofe, por meio de ajuda material, ou por acordos políticos entre as superpotências, como o que ocorreu na questão da nacionalização pelo Egito do Canal de Suez, em que os EUA e URSS evitaram com que França e Inglaterra declarassem guerra ao Egito.

Se a situação da África já estava ruim sob a disputa dos EUA e da URSS, após o desmantelamento do bloco soviético, se tornou muito pior. É o que se pode deduzir do gráfico abaixo:



O gráfico é bem claro. Até o início da década de 90 a expectativa de vida doa países africanos em questão alcançou o pico, após este período há uma queda brusca em todos os países. O gráfico apresenta ascensão do final da década de 50 até início da década de 90, que coincide com a guerra fria e reflete o suporte material quê URSS e EUA pretavam aos estados africanos. A o período que coincide com o desmantelamento da URSS. A razão de ser de todo o suporte material prestado durante toda a guerra fria.

O desaparecimento dos estados soviéticos por si só não justifica a queda da taxa da expectativa de vida, até porque os EUA ainda existem.
É necessário entender que, apesar da “ajuda” das superpotências, isso não foi o suficiente para que os países africanos tivessem alguma independência de fato. Pelo contrário, foi muito conveniente manter a dependência econômica e material com ambas potências. A vinculação deste e daquele governo, como deste ou daquela organização, era muito mais por conveniência do que por questão ideológica, embora ainda fosse muito importante. Porém mesmo assim, a doutrina socialista tomou um duro golpe após a queda do Muro de Berlim.

Ao cair o bloco soviético, acabou a razão de ser da Guerra Fria, e a necessidade de prestação de suporte material por parte dos EUA. Desta forma, pela primeira vez, em mais de 500 anos, a sorte do povo africano estava entregue ao próprio povo africano. O controle que antes existia das duas superpotências que impedia o agravamento das guerras civis não existia mais, e o martírio do proletariado africano aumentou. O Continente que tinha uma grande importância durante a Guerra Fria, agora a África foi condenada ao esquecimento inclusive pelos revolucionários.

As guerras dentro do continente africano se tornaram ainda mais sangrentas,, combinado com a ausência de ajuda do exterior, agravando o quadro de miserabilidade e no aumento do número de refugiados perambulando pelo continente feito zumbis. Dados da ONU apresenta de que a metade dos deslocados mo mundo por conta das guerras civis encontra-se na África, isto é, contabilizados 20 milhões de vidas. Mas a avaliação é de que este número seja bem maior, pois somente são contados as pessoas que se apresentam aos campos de refugiados da ONU.

Até hoje ainda há disputas pelo poder nos paises da África. Se antes havia algum viés ideológico na disputa, hoje se restringe ao aparato como um fim por si só. Não há a preocupação de disputar a consciências das massas para em prol da sua autodeterminação. A África é um continente numa disputa real pelo poder e o internacionalismo dos comunistas deve ter uma política para o proletariado. Mas isso fica extremamente difícil ao se constatar que as Internacionais têm políticas para o seu próprio umbigo.

SOBRE A ECONOMIA AFRICANA NO CONTEXTO DA CRISE ECONÔMICA ATUAL.

A economia africana é basicamente de agricultura de subsistência. A maior parte da população do continente está na zona rural (63%). Em relação ao capitalismo, trata-se de uma área pouco desenvolvida neste sentido. Somente África do Sul, Egito, Marrocos e Líbia tem alguma expressão econômica.

Do ponto de vista geral, a África é a periferia do mundo quando o assunto é participação no comércio mundial. Somente 1% é o peso da África no comércio mundial. A pouca produção industrial que há no continente é basicamente extrativista (petróleo, ouro e pedras preciosas como o diamante) e ainda assim explorada por multinacionais européias que mandam toda a riqueza gerada pelo proletariado africano para os países europeus.

O pouco desenvolvimento do capitalismo no continente poderia levar a conclusão errônea de que a crise se daria de forma mais branda no continente. A afirmação não procede, pois o desemprego empurrar esta população para as três alternativas para o proletariado incipiente :1-voltar para o campo onde as condições de sobrevivência são nulas pela precário modo de produção; 2-engrossar os contingentes da guerra civil africana, ou o contrário, 3- engrossar o contingente dos deslocados no continente.

CONCLUSÃO.

A África, berço da humanidade, é de longe o continente em que os camponeses e operários foram mais oprimidos. Na medida em que se desenvolvia o capitalismo na Europa, aumentava a intervenção branca na África. No começo era “apenas”comércio de escravos, para depois ir para a exploração direta no continente, por meio de catalisar os antagonismos entre as nações africanas.

A Conferência de Berlim, em 1884, selou a sorte do povo africano. As potências imperialistas colocaram no mesmo território nações inimigas, e mesmo após o movimento de independência dos países os limites impostos pelas potências européias não foi desfeito. E mais, manteve-se a dependência econômica, política e tecnológica da civilização ocidental. Após a Segunda Guerra mundial, a África foi objeto de disputa entre as superpotências, isso, paralelamente ao movimento de independência formal. Entra em cena as guerras civis entre grupos militares apoiados ou pelos EUA ou a URSS.

Com o fim da guerra fria, por meio do desmantelamento do bloco soviético, o imperialismo estadunidense não via mais motivos para fornecer meios de ajuda aos povos africanos. Apesar das guerras civis serem sangrentas, havia algum controle ds superpotências evitando-se um agravamento ainda maior. Se a interferência estrangeira no continente, os camponeses e operários ficaram no fogo cruzado da disputa fraticida pelo poder por grupos, sem qualquer viés de classe.

A guerra civil no continente africano é o maior produtor de flagelados. São praticamente mais de 20 milhões de pessoas vagando pelo continente, sem ter para onde ir. São 20 milhões de pessoas em que disputa ideológica não é feita pela esquerda mundial.

O fato de não se ter um capitalismo desenvolvido no continente, não quer dizer que não seja possível ter um programa de disputa ideológica sobre os camponeses e operários africanos. A esquerda mundial poderia começar por não marginalizar o estudo sobre a África.









ÁFRICA – Uma classe proletária à deriva.


Trata-se de um continente fervilhando em revoluções em constante guerra civil. Trata-se de um continente extremamente pobre e de uma economia pré-capitalista em sua média, e onde a economia é mais desenvolvida, os produtos são exportados para os países desenvolvidos, a pauta de exportações é sempre de matérias primas, ou insumos importantes como petróleo.

Embora renegado a segundo plano pelos países centrais e pela esquerda revolucionária, saibam que nem sempre foi assim. Primeiro foi objeto de cobiça pelas potências imperialistas no século XIX até após a segunda guerra mundial, já no século XX. No processo de independência, o continente africano caiu na teia da disputa entre as superpotências: EUA e URSS. Com o fim da guerra-fria e com o desmantelamento do Leste Europeu, desapareceu a Guerra-Fria e junto com ela toda a gama de ajuda e suporte que as duas superpotências.

É diante deste quadro que se encontra o continente africano. Pela primeira vez após quase dois séculos, o destino está entregue ao próprio povo africano. Apesar disso, a maioria das guerras civis no continente são uma macabra luta racial de submeter uma etnia sobre a outra . Quando um grupo toma o poder, ela reflete a estrutura de democracia burguesa e alinhada , de certo modo ou não, a antiga metrópole. Há, pelo menos, sete guerras em andamento no continente provocando um gigantesco contingente de refugiados e deslocados pela África,que chega ao número de 20 milhões. Esta talvez justifique a importância de se estudar e intervir na realidade africana.

Terminada esta pequena apresentação, passemos aos pormenores da África.

BREVE HISTÓRIA DA ÁFRICA-HISTÓRICO DE ESPOLIAÇÃO BURGUESA.

Os povos africanos tiveram modo de vida próprios e organização própria, que não condizia, é claro, com a concepção ocidental branca e européia, eram organizadas por meio de nações e com hierarquia própria, semelhante às monarquias européias. Por ser nações formado por etnias. Aliás, reivindica-se aqui, a não utilização do termo “tribos” para se referir a estas nações, pois: “...o preconceito teima em chamar tribos às nações africanas, sem ter em conta a realidade de que não podem ser tribos grupos humanos de mais de 60 milhões de pessoas, como os hauçás, ou superiores ou semelhantes em número às populações da Bélgica, do Chile e da Suécia, quando não, da Argentina e da Espanha”. (Estudos avançados. O Brasil, a África e o Atlântico no século XXI).

O primeiro contato com o homem branco ocidental começou pelo litoral, e durante séculos foi assim, no século XV, com os portugueses e depois com os demais países com o passar dos tempos. Na Europa começava a florescer o capitalismo e o contato com os povos africanos veio a cair como uma luva para a futura classe dominante, pois o modo capitalista de produção necessita de sugar trabalho alheio para acumulação e reprodução do capital. Neste sentido, a comercialização de escravos pelas próprias nações africanas era vital para isso.

Pela falta de um estudo sobre a África mais aprofundado sobre a dinâmica demográfica, histórica, econômica, etc antes do contato com os brancos nos dá uma falsa impressão de que o, continente era composto por apenas “negões”, todos iguais, em que se desprezava as nações , as etnias e suas dinâmicas, isto é, suas diferenças. Havia muitos pontos de intersecção para resolução dos problemas entre nações, assim como os países ocidentais (e orientais); isto é, pela guerra. Assim, ao contrário do que os bancos escolares pregam. A Escravidão negra não se deu porque o negro vendia negro e estimulava isso; ou ainda, que a submissão fazia parte do caráter da raça. Os escravos negros nada mais são do que produto das beligerâncias entre as nações africanas, ou resultado de dívidas, tal e qual a sociedade antiga ocidental, notadamente na Grécia e em Roma.

Na medida em que se aprofundava o contato dos africanos com os europeus, estes procuravam estimular as rivalidades exatamente para ter uma fonte de braços humanos a sua disposição. Para isso, cooptava-se chefe de nações, lideranças populares que “colaboravam” coma causa branca e ocidental.

Até a segunda metade do século XIX, o contato dos africanos com os europeus não passava da linha do litoral, como mostra o mapa abaixo:




Como se pode ver no mapa, o países europeus que mais freqüentava as costas africanas foram Portugal (pioneiro), França, Inglaterra e Espanha. O fugia um pouco à regra é o norte, que vai da linha do Egito até o limite com a Argélia,ainda sobre o jugo do Império Otomano.
Na medida que o poderio naval de Portugal caia e a ascensão Inglesa dos mares, bem como o desenvolvimento capitalista em outros países europeus,, a expoliação africana se tornou mais intensa. Agora já não era mais escravos que se comercializava. Começou uma política de colonização e exploração capitalista diretamente em solo africano, de onde se extraia pimenta, dendê, marfim, amendoim; implantaram a cultura de milho, arroz por meio de monoculturas em latifúndios, os “plantations”. É exatamente neste período em que as metrópoles utilizavam os antagonismos entre as nações africanas para destruí-las e saquear a sua riqueza.

Mas, se pó um lado, se estimulavam as guerras dos povos africanos para espoliá-los, aumentava-se os antagonismos entre as potências européias sobre os “direitos” de exploração das riquezas e do povo. Para resolver tal impasse, os países imperialistas se reuniram na Conferência de Berlim, cidade alemã, em 1884 para definir os divisão do continente entre as potências européias.

Somente a partir deste fórum, é que aguçou o interesses dos países impreialistas pelo interior da África. É que um se definiu na conferência que o direito de exploração estva legitimado por meio de “acordos” firmados com as liderança locais africanas, cujo método para tal fim era a capitulação, cooptação e até ludibriação, isto é, os brancos europeus “pediam” emprestado a “honra” de trabalhar em suas terras. Começou então a corrida dos europeus para firmarem títulos de propriedade em face aos demais imperialistas. Desta forma, o mapa da África foi alterado em relação a situação pré Conferência de Berlim, conforme este mapa abaixo:


Reparem que se trata de um mapa atual, as cores apenas indicam as áreas de dominação dos países imperialistas. O mais importante é que os limites dos países africanos coincidem com os limites da dominação colonial. Um exemplo que ilustra bem isso é a atual Republica Democrática do Congo, antiga dominação belga, fazia limites ao norte com possessões inglesas (Sudão e Uganda) e francesas (Rep. Centro Africana), ao oeste, também com possessões francesas( Congo); ao sudoeste, possessões portuguesas (Angola); ao sul, dominação inglesa (Zâmbia); a leste, possessões alemãs (Ruanda,Tanzânia e Burundi). Por mais dividida que esteja o continente, ela não ultrapassa os limites das dominações metropolitanas umas das outras. Não há nenhum país africano que tenha o seu território estendido e mais de uma antiga dominação.

Na divisão da África pelas potências européias não houve qualquer preocupação com as diferenças culturais, étnicas entre as nações africanas. Pelo contrário, elas foram estimuladas conforme já citado acima. A questão, porém, é que nações inimigas ficaram no mesmo território. Estria lançada então as base para as diversas guerras civis que eclodiram na segunda metade do século XX e se tornaram mais sangrentas a partir da década de 90.

Começa um movimento de emancipação nas colônias americanas e começa um sentimento nacionalista por aqui. A perda das colônias americanas por este processo faz com que as potência imperialistas se joguem com mais força na disputa por colônias na África e na Ásia, de forma que se estaria criando as condições materiais para a eclosão das guerras imperialistas do século XX.

Com as antigas potências imperialistas destruídas pelas Duas Grandes Guerras, dos escombros surgem duas novas potências mundiais que ditariam os rumos do planeta: Estados Unidos e União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, que disputavam cada parte do mundo não somente do ponto de vista econômico, mas político, cultural,e ideológico também, começava também a Guerra Fria.

Neste novo contexto é que acontece o movimento de independência dos estados africanos. Mas a independência formal de tais países não significou independência de fato, pelas razões a seguir: 1-os limites dos novos estados não respeitavam a distribuição das nações africanas, consolidando os limites territoriais estabelecidos na Conferência de Berlim em 1884, conforme mapa acima; 2- com o inevitável processo de independência,as antigas metrópoles conseguiram manter monopólios comerciais, cooptando os novos lideres dos estados nascentes, garantindo, ainda, a dependência econômica com os países europeus; 3-outro aspecto desta dependência é que em todos as países independentes mantiveram a estrutura de administração igual a das metrópoles, com parlamentarismo e/ou presidencialismo.

A dependência econômica e política dos países africanos e a debilidade das antigas metrópoles, além de serem as causas do movimento de independência formal , foi também os fatores que permitiram que as duas superpotências passassem a disputar a disputar a África. Elas se esforçavam em angariar mais estados sob a sua área de influência. Começava ai mais um martírio para os africanos: as guerras civis.

Da segunda metade do século vinte até a queda do regime soviético em 1991, as guerra civis africanas os grupos organizados que disputavam o poder eram apoiados materialmente por alguma das duas superpotências e quando uma delas tomava o poder era apoiada pela potência que deu suporte, como dinheiro, alimentos, medicamentos....e armas para o seu grupo de influência. Esta política de ajuda ao grupos fica bem nítida quando observamos o papel que a África do Sul tinha com a sua política de segregação racial, impedir o avanço dos grupos alinhados à URSS em Moçambique e em Angola. Outro exemplo notório é o de Angola. Os EUA apoiava o grupo político militar da UNITA, a URSS apoiava o MPLA, que se auto-intitulava “marxista-leninista”.

A guerra civil pela disputa do poder nos estados africanos foi e é uma tragédia para o povo da África. A guerra fria (ou paz fria, segundo Hobsbawn) mantinha algum controle sobre a catástrofe, por meio de ajuda material, ou por acordos políticos entre as superpotências, como o que ocorreu na questão da nacionalização pelo Egito do Canal de Suez, em que os EUA e URSS evitaram com que França e Inglaterra declarassem guerra ao Egito.

Se a situação da África já estava ruim sob a disputa dos EUA e da URSS, após o desmantelamento do bloco soviético, se tornou muito pior. É o que se pode deduzir do gráfico abaixo:



O gráfico é bem claro. Até o início da década de 90 a expectativa de vida doa países africanos em questão alcançou o pico, após este período há uma queda brusca em todos os países. O gráfico apresenta ascensão do final da década de 50 até início da década de 90, que coincide com a guerra fria e reflete o suporte material quê URSS e EUA pretavam aos estados africanos. A o período que coincide com o desmantelamento da URSS. A razão de ser de todo o suporte material prestado durante toda a guerra fria.

O desaparecimento dos estados soviéticos por si só não justifica a queda da taxa da expectativa de vida, até porque os EUA ainda existem.
É necessário entender que, apesar da “ajuda” das superpotências, isso não foi o suficiente para que os países africanos tivessem alguma independência de fato. Pelo contrário, foi muito conveniente manter a dependência econômica e material com ambas potências. A vinculação deste e daquele governo, como deste ou daquela organização, era muito mais por conveniência do que por questão ideológica, embora ainda fosse muito importante. Porém mesmo assim, a doutrina socialista tomou um duro golpe após a queda do Muro de Berlim.

Ao cair o bloco soviético, acabou a razão de ser da Guerra Fria, e a necessidade de prestação de suporte material por parte dos EUA. Desta forma, pela primeira vez, em mais de 500 anos, a sorte do povo africano estava entregue ao próprio povo africano. O controle que antes existia das duas superpotências que impedia o agravamento das guerras civis não existia mais, e o martírio do proletariado africano aumentou. O Continente que tinha uma grande importância durante a Guerra Fria, agora a África foi condenada ao esquecimento inclusive pelos revolucionários.

As guerras dentro do continente africano se tornaram ainda mais sangrentas,, combinado com a ausência de ajuda do exterior, agravando o quadro de miserabilidade e no aumento do número de refugiados perambulando pelo continente feito zumbis. Dados da ONU apresenta de que a metade dos deslocados mo mundo por conta das guerras civis encontra-se na África, isto é, contabilizados 20 milhões de vidas. Mas a avaliação é de que este número seja bem maior, pois somente são contados as pessoas que se apresentam aos campos de refugiados da ONU.

Até hoje ainda há disputas pelo poder nos paises da África. Se antes havia algum viés ideológico na disputa, hoje se restringe ao aparato como um fim por si só. Não há a preocupação de disputar a consciências das massas para em prol da sua autodeterminação. A África é um continente numa disputa real pelo poder e o internacionalismo dos comunistas deve ter uma política para o proletariado. Mas isso fica extremamente difícil ao se constatar que as Internacionais têm políticas para o seu próprio umbigo.

SOBRE A ECONOMIA AFRICANA NO CONTEXTO DA CRISE ECONÔMICA ATUAL.

A economia africana é basicamente de agricultura de subsistência. A maior parte da população do continente está na zona rural (63%). Em relação ao capitalismo, trata-se de uma área pouco desenvolvida neste sentido. Somente África do Sul, Egito, Marrocos e Líbia tem alguma expressão econômica.

Do ponto de vista geral, a África é a periferia do mundo quando o assunto é participação no comércio mundial. Somente 1% é o peso da África no comércio mundial. A pouca produção industrial que há no continente é basicamente extrativista (petróleo, ouro e pedras preciosas como o diamante) e ainda assim explorada por multinacionais européias que mandam toda a riqueza gerada pelo proletariado africano para os países europeus.

O pouco desenvolvimento do capitalismo no continente poderia levar a conclusão errônea de que a crise se daria de forma mais branda no continente. A afirmação não procede, pois o desemprego empurrar esta população para as três alternativas para o proletariado incipiente :1-voltar para o campo onde as condições de sobrevivência são nulas pela precário modo de produção; 2-engrossar os contingentes da guerra civil africana, ou o contrário, 3- engrossar o contingente dos deslocados no continente.

CONCLUSÃO.

A África, berço da humanidade, é de longe o continente em que os camponeses e operários foram mais oprimidos. Na medida em que se desenvolvia o capitalismo na Europa, aumentava a intervenção branca na África. No começo era “apenas”comércio de escravos, para depois ir para a exploração direta no continente, por meio de catalisar os antagonismos entre as nações africanas.

A Conferência de Berlim, em 1884, selou a sorte do povo africano. As potências imperialistas colocaram no mesmo território nações inimigas, e mesmo após o movimento de independência dos países os limites impostos pelas potências européias não foi desfeito. E mais, manteve-se a dependência econômica, política e tecnológica da civilização ocidental. Após a Segunda Guerra mundial, a África foi objeto de disputa entre as superpotências, isso, paralelamente ao movimento de independência formal. Entra em cena as guerras civis entre grupos militares apoiados ou pelos EUA ou a URSS.

Com o fim da guerra fria, por meio do desmantelamento do bloco soviético, o imperialismo estadunidense não via mais motivos para fornecer meios de ajuda aos povos africanos. Apesar das guerras civis serem sangrentas, havia algum controle ds superpotências evitando-se um agravamento ainda maior. Se a interferência estrangeira no continente, os camponeses e operários ficaram no fogo cruzado da disputa fraticida pelo poder por grupos, sem qualquer viés de classe.

A guerra civil no continente africano é o maior produtor de flagelados. São praticamente mais de 20 milhões de pessoas vagando pelo continente, sem ter para onde ir. São 20 milhões de pessoas em que disputa ideológica não é feita pela esquerda mundial.

O fato de não se ter um capitalismo desenvolvido no continente, não quer dizer que não seja possível ter um programa de disputa ideológica sobre os camponeses e operários africanos. A esquerda mundial poderia começar por não marginalizar o estudo sobre a África.





































sábado, 26 de novembro de 2011

Projeto "Cidadania em preto e branco"

Escola Estadual Antonio Adib Chammas

Ensino Médio – 2º. A


Autor: Henrique Alves Bina - 2º. A
Participantes do Grupo: Sildan Santos Lima, André Sousa Silva, Micael Francisco da Conceição, Rômulo Augusto Magalhães Furgêncio, Jardiel da Rocha Santana.


Rap em homenagem ao “Dia Nacional da Consciência Negra”
Brancos ganham muito
Negros ganham pouco
Deveria ser tudo igual
Ou estou louco
Enquanto uns andam de limusine
Outros andam de carroça
Enquanto uns comem
Outros morrem de fome

Queremos liberdade
Educação, dignidade
Somos iguais nessa nação
Queremos respeito
Pois somos todos cidadãos

Mais dia, menos dia,
Todos vão entender
Não é a cor, nem a raça que diz
O que queremos ser
Amarelos, brancos, pretos, encarnados
Somos filhos deste mundo
Racistas são condenados

Seja você negro ou branco
Somos todos iguais, todos sentimos dor
Somos todos humanos
Somos filhos do mesmo senhor









Ensino Médio – 2º. A

Autores: Adinaldo José da Silva e Diego Henrique Sotta dos Santos
Participantes do Grupo: Alex José Ribeiro, Witalo dos Santos

Rap em homenagem ao “Dia Nacional da Consciência Negra”

Se liga no meu papo,
Vou mandar na maior moral
O problema que enfrentamos hoje
É o preconceito racial

No bimestre passado,
Falamos de violência
Agora vamos falar do Dia da Consciência

Dia da Consciência, que vai acontecer
Que é muito bom e você não pode perder

Movimento de todos, Movimento de populares
Que acontece por causa da morte de Zumbi dos Palmares

Somos todos iguais,
Negros não são diferentes
Assim como o branco
Negro também é gente

Em quase todas as coisas
Os negros são humilhados
Em quase todas as coisas
Os brancos são exaltados

Nós temos que nos unir
Porque todos somos irmãos
Porque juntos formaremos
Uma grande nação



Gabriela Pereira da Silva. 1ºC

O que os olhos não vêem...

Analise comigo a palavra consciência, significa atributo pelo qual o homem pode conhecer e julgar sua própria realidade. Sendo assim, o título “Dia da Consciência Negra”, acompanhado de sua história, nos faz entender que negros decidiram conhecer e julgar sua realidade; é um desencargo de consciência saber ao menos o que deveria ser comemorado. No entanto, esse é apenas um detalhe perto do que, realmente, deveria ser entendido.
Muitos acham que conhecem, e que ainda melhor, julgam a história de outros, mas julgar não se limita a, de acordo com seus padrões (que seriam os justos), analisar se a pessoa está certa ou errada, a justiça pode ser diferente para cada indivíduo, por isso, é necessário o máximo de empatia ao colocar-se como juiz; pôr-se no lugar do outro e procurar sentir suas emoções, é o que vai ajudar a ser justo. Talvez por isso muitos não entendam a atenção dada a esse dia.
Se muitas vezes nem mesmo negros compreendem a importância de tal dia, quanto mais ditos brancos tendo de adotar, por assim dizer, outra cultura. Por fim acabam fazendo o que aprenderam ou o que parece ser mais fácil: marginalizam os que têm conceitos diferentes. Porém, o ser humano deve estar em constante mudança, a própria sociedade ao seu redor muda, temos de nos adaptar. Não necessariamente mudar nossa moral, mas compreender as diferenças.
É interessante analisar discursos ou mesmo frases a respeito dessas diferenças, como a frase dita pelo líder africano, Nelson Mandela: “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, ou por sua origem, ou por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se aprendem a odiar, podem ser ensinadas a amar, pois o amor chega mais naturalmente ao coração humano do que seu oposto.”
Como disse certo jovem, o ódio (assim como o preconceito e a discriminação) é contagioso, proteja-se desse mal por pôr de lado todo orgulho maldoso e considere seu próximo como ele realmente é, não como você o vê. Esse é o objetivo do “Dia Nacional da Consciência Negra”.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Daens - um grito de justiça

Cole aqui suas considerações sobre o filme, não esquecendo dos elementos principais que devem ser analisados a partir do seu entendimento:
- o nascimento das fábricas;
- o surgimento de uma nova ideologia para os trabalhadores;
- a posição da mulher retratada no filme.

sábado, 19 de março de 2011

Decameron - Boccaccio

A obra é considerada um marco literário na ruptura entre a moral medieval, em que se valorizava o amor espiritual, e o início do realismo, iniciando o registro dos valores terrenos, que veio redundar no humanismo; nele não mais o divino, mas a natureza, dita o móvel da conduta do homem. Foi escrito em dialeto toscano.[4]

Com subtítulo de Príncipe Galeotto, o Decamerão marca com certa nitidez o período de transição vivido na Europa com o fim da Idade Média, após o advento da Peste Negra — aliás é neste período de terror que a narrativa se passa.

Dez jovens (sete moças e três rapazes) fogem das cidades tomadas pela pandemia que dizimava impiedosamente o continente europeu ao se recolherem a uma casa de campo. Aconselhados por Pampinéia, a mais velha entre as mulheres, estabaleceram que escolheriam um chefe para o grupo para cada dia. Sendo ela a primeira escolhida, definiu: "(...)Para os que vierem depois, o processo de escolha será o seguinte: quando se vier aproximando a hora do surgimento de Vênus, no céu, à tarde, o chefe será, à vez de cada um, escolhido por aquele, ou aquela, que estiver comandando durante o dia.(...)"

O Decamerão, rompendo com a mítica literatura medieval, é considerado o primeiro livro realista da literatura.

As circunstâncias descritas em Decamerão têm o senso medieval de numerologia e significados místicos. Por exemplo, é amplamente acreditado que as sete moças representam as Quatro Virtudes Cardinais (Prudência, Justiça, Fortaleza, Temperança) e as Três Virtudes Teologais (Fé, Esperança e Caridade). E mais além é suposto que os três homens representam a Divisão da Alma em Três Partes (Razão, Ira e Luxúria) da tradição helênica.

As moças tinham idade entre 18 e 28 anos, eram bonitas e de origem nobre, e seu comportamento honesto. Agrupadas por acaso na igreja de Santa Maria Novela, resolvem continuar juntas e logo surgem três moços, com idade a partir dos 25 anos, agradáveis e bem educados, que procuravam suas amadas, que eram 3 das moças ali reunidas.

A Peste

Ilustração da peste negra na Bíblia (c. 1411). A narrativa oferecida por Boccaccio sobre o flagelo da peste negra que dizimara a Europa constitui um verdadeiro documento acerca desta praga que devastara o continente. Seu relato ilustra a doença (suas manifestações, evolução, sintomas, etc), bem como a reação das pessoas diante da perspectiva de uma morte horrenda, a ineficácia da religião católica dominante até aquele momento e de uma medicina quase ou totalmente ineficaz...

Um exemplo de sua descrição da peste dá-se logo no início da obra, pois ela (a peste) é a verdadeira razão de todo o livro:

“...tínhamos já atingido o ano ... de 1348, quando, na mui importante cidade de Florença... sobreveio a mortífera pestilência... nenhuma prevenção valeu, baldadas todas as providências dos homens... Nem conselho de médico, nem virtude de mezinha alguma parecia trazer a cura ou proveito para o tratamento.
A peste, em Florença, não teve o mesmo comportamento que no Oriente. Neste, quando o sangue saía pelo nariz, fosse de quem fosse, era sinal evidente de morte inevitável... apareciam no começo, tanto em homens como em mulheres, ou na virilha ou na axila, algumas inchações... a que chamava o povo de bubões... - passava a repontar e a surgir por toda a parte. Em seguida, o aspecto da doença começou a alterar-se; apareciam manchas escuras ou pálidas nos doentes. Nuns, eram grandes e espalhadas; noutros, pequenas e abundantes."
Estimando as vítimas em Florença e arredores em cem mil mortos, o autor revela também dois tipos principais de conduta: um, da luxúria desenfreada (as pessoas que passavam a beber e entregar-se aos prazeres); outro, onde pessoas se recolhiam, fechadas em grupos, orando e praticando o ascetismo — além de tantos que agiam entre estes dois tipos, adotando condutas intermediárias. Numerosas levas de gente saíam das cidades, vagando pelos campos, reunindo-se nas igrejas. Foi numa delas que encontrou-se o inusitado grupo que serve como narrador do Decamerão.

Vitória!!!

Olá Pessoal,

Temos uma noticia ótima!!!
O Manuel, a Alissa e a Camila, ex-alunos que participaram do Pré-Iniciação, conseguiram passar no vestibular e irão frequentar as universidades.
O Manuel passou na FEI em Engenharia, a Alissa passou na Metodista e vai fazer Jornalismo e a Camila passou na São Judas e vai fazer Psicologia (nenhum vai fazer História, rsrsrs).
Parabéns a todos. Beijos.
O Renascimento

Texto básico

Nos séculos XV e XVI a Itália conheceu um extraordinário desenvolvimento cultural que, posteriormente, alcançou outras regiões da Europa Ocidental, e que é conhecido como “Renascimento”. A expressão é ambígua, pois dá a entender que no período anterior (a Idade Média) a vida cultural estivera ausente, o que não corresponde absolutamente à verdade. Sabe-se, hoje, que a produção artística, literária e filosófica medieval foi extraordinária e, portanto, não se pode utilizar a expressão “Renascimento” com o sentido de “nascer de novo”.
As razões para esse desenvolvimento cultural encontram-se fundamentalmente nas novas condições sócio-econômicas da Europa no período de transição do Feudalismo ao Capitalismo. O desenvolvimento urbano, comercial e burguês foi poderoso estímulo para a produção intelectual. O humanismo é outro importante elemento que contribui para o Renascimento, ao lado da proteção dada pelos ricos burgueses aos artistas, fenômeno que se convencionou chamar de Mecenato.
O Humanismo, num primeiro momento, designava os elementos que buscavam reformar os currículos das universidades, até então essencialmente preocupados com as disciplinas teológicas. Procuravam incluir estudos de matemática, história, línguas e filosofia. Posteriormente, o termo Humanismo passou a designar aqueles que procuravam criticamente analisar as condições sociais em que viviam, confrontando-as com as do período feudal, a partir de uma nova visão do homem, individualista, cheio de vontade, impulsionador do progresso.
O traço característico do Renascimento foi a consciência de que se vivia um novo tempo, (daí a idéia de “nascer de novo), bastante distinto do mundo medieval. Assim, opunham o antropocentrismo ao teocentrismo; o individualismo ao coletivismo; o racionalismo à tradição; o hedonismo ao ascetismo e misticismo medievais.
A oposição aos tempos medievais levou à redescoberta da Antiguidade Greco-Romana. Não se pode, no entanto, afirmar que o Renascimento procurou imitar ou copiar os clássicos. Na realidade, pode-se ver claramente a influência que o classicismo desempenhou, mas o Renascimento vai muito mais longe. É um salto para a frente, ainda que aparentemente esteja voltado para o passado.
O Renascimento surgiu na Itália, em virtude das condições extremamente favoráveis que essa região apresentava. Basta lembrar o grande desenvolvimento das repúblicas italianas (Florença, Veneza, Gênova, entre outras) extremamente enriquecidas devido ao monopólio do comércio de especiarias orientais. A tradição clássica era muito mais vigorosa na Itália do que em outras regiões européias, e a atuação dos Mecenas se fez sentir com extraordinário vigor.
No setor artístico, o Renascimento se caracterizou, entre outros aspectos, por uma grande preocupação com a figura humana, valorizando-se o nu; a busca da perfeição no retratar o Homem levou a uma simbiose entre arte e ciência, desenvolvendo-se estudos de Anatomia, técnicas de cores, perspectiva. Utilizaram-se novas técnicas, como a pintura a óleo. O realismo, a harmonia, o senso de equilíbrio e a proporção são outros elementos observáveis.
A Literatura apresenta, de imediato, uma novidade, que é utilização das novas línguas nacionais, derivadas do latim: o espanhol, o português, o italiano, o francês. Tendo como tema central o Homem, os escritores, com profundo senso crítico, buscaram elaborar um novo conceito de vida e de homem. A época medieval foi profundamente satirizada em seus valores essenciais: a cavalaria, a Igreja, a nobreza.
A Ciência procurou explicar o mundo através de novas teorias, fugindo às interpretações religiosas típicas do período histórico anterior. O grande destaque é a utilização do método experimental, base da criação da ciência moderna. O Racionalismo é a característica dominante desse momento, que será o precursor de uma verdadeira “revolução científica” no século XVII.


Texto de Aprofundamento

A crise econômica dos séculos XIV-XV produziu uma profunda inquietação intelectual, que se traduziu, nos campos filosófico, artístico e literário, pela idéia de renovação cultural. Este fenômeno, parte integrante de um processo histórico mais amplo – o início da transição feudalismo/capitalismo – iniciou-se nas Repúblicas Italianas, por volta de 1350, estendendo-se, mais tarde, a outras áreas da Europa Ocidental. A expressão Renascimento é comumente utilizada para designar esta idéia de renovação, profundamente comprometida com a ressurreição das letras e das artes da Antiguidade greco-latina, e que, segundo os humanistas da época renascentista, teria representado uma ruptura com a “ignorância bárbara (gótica)”, que prevalecera durante a Idade Média.
No entanto, levando-se em consideração o atual estágio das investigações históricas acerca do tema, não se pode concordar, integralmente, com as concepções formuladas pelos humanistas dos séculos XV-XVI, como Giorgio Vasari (1511-1574), que por volta de meados do século XVI, utilizou-se do termo Rinascitá pela primeira vez. Vasari pretendia, com essa expressão, designar os sentimentos e a mentalidade d uma nova época que iniciara-se, originalmente na cidade-Estado de Florença, desde os fins do século XIV, e que se caracterizava pelo “renascimento” da Antiguidade clássica, repensada à luz do espírito dos novos tempos. Da mesma forma, pretendia dar a esta nova época uma unidade própria, diferenciada dos séculos precedentes, entendidos conforme assinalou-se acima, como uma autêntica “Idade das Trevas”.
Assim, deve-se deslocar por um momento, a análise para o que representa a Idade Média, segundo a perspectiva da produção intelectual e cultural. Apenas durante o século XIX, quando se verifica a reabilitação deste período pelo romantismo, começam a surgir novas abordagens, que vêem no Renascimento uma continuidade e não uma ruptura com a Idade Média. Tal é o caso do historiador holandês J. Huizinga, que em obra clássica escrita em 1919, entende o Renascimento como um prolongamento, um verdadeiro “outono da Idade Média”. Outros medievalistas, ao repensar o período, afirmam, inclusive, que o Renascimento teria sido tão somente um desdobramento de “renascimentos” que têm suas origens na própria Idade Média, como o “renascimento francês do século XII”.
As reflexões desenvolvidas até agora permitem compreender a complexidade do tema, os limites e a própria imprecisão do termo “Renascimento”. Dessa maneira, seria oportuno repensar a expressão a partir da perspectiva do historiador francês Jean Delumeau.
“Criada pelos humanistas italianos (...), a noção de uma ressurreição das letras e das artes graças ao reencontro com a Antiguidade foi, seguramente, uma renovação. (...)
Essa noção significa juventude, dinamismo, vontade de renovação. (...) Mas, o termo `Renascimento´, de acordo com os humanistas, que o aplicavam, essencialmente, à literatura e às artes plásticas, parece-nos insuficiente. Ele parece rejeitar, como bárbaras, as criações (...) sólidas e misteriosas da arte românica e, também, as criações mais esbeltas e dinâmicas da arte gótica. (...)
(...) Do ponto de vista de uma História total, (o termo Renascimento) significa – e não pode significar outra coisas – a promoção do Ocidente numa época em que a civilização da Europa ultrapassou, de modo decisivo, as civilizações que lhe eram paralelas. (...)
(...) A história do Renascimento é a história desses desafios e dessas respostas (O autor faz referências aos desafios impostos à sociedade européia pela crise econômica dos séculos XIV-XV, suas profundas implicações na consciência dos homens da época, e, ao mesmo tempo, as alternativas encontradas por essa mesma sociedade para fazer face à crise).
A crítica do pensamento clerical da época feudal, a recuperação demográfica, os progressos técnicos, a aventura marítima, um novo conceito de beleza, um cristianismo reelaborado e rejuvenescido: eis os principais elementos da resposta do Ocidente às tão variadas dificuldades que no seu caminho se haviam acumulado. (...)”
DELUMEAU, Jean. A civilização do Renascimento. Lisboa, Estampa, 1984, v. 1, pp 19-22)

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Tradução: Do the evolution - Pearl Jam

Estou à frente
Sou um homem
Sou o primeiro mamífero
a usar calças compridas
estou em paz com a minha luxúria
Para matar porque confio em Deus
é a evolução
Sou um monstro, sou o homem
compro ações no dia em que a Bolsa quebra
quando à solta, sou um trator
quando à solta, sou um trator
Descendo montanhas, eu as nivelo ao chão e o comportamento padrão
é a evolução
admire-me, admire a minha casa, admire a minha canção, eis o meu clone
esta Terra é minha, esta Terra é livre
Farei o que eu quiser irresponsavelmente
É a evolução
Sou um ladrão, sou um mentiroso
eis a minha igreja, eu conto no coro
Aleluia, aleluia, aleluia, aleluia
Admire-me, admire a minha casa
admire a minha canção, admire as minhas roupas
Tenho apetite para um banquete
Esses índios ignorantes nada conseguem de mim
Nada. Por que? Porque
isso é a evolução
Estou à frente, estou criando
Sou o primeiro mamífero a fazer planos
eu rastejei pela terra, agora aqui de cima, em 2010 vejo tudo pegar fogo
É a evolução
É a evolução
Faça a evolução!