segunda-feira, 28 de março de 2011

Daens - um grito de justiça

Cole aqui suas considerações sobre o filme, não esquecendo dos elementos principais que devem ser analisados a partir do seu entendimento:
- o nascimento das fábricas;
- o surgimento de uma nova ideologia para os trabalhadores;
- a posição da mulher retratada no filme.

sábado, 19 de março de 2011

Decameron - Boccaccio

A obra é considerada um marco literário na ruptura entre a moral medieval, em que se valorizava o amor espiritual, e o início do realismo, iniciando o registro dos valores terrenos, que veio redundar no humanismo; nele não mais o divino, mas a natureza, dita o móvel da conduta do homem. Foi escrito em dialeto toscano.[4]

Com subtítulo de Príncipe Galeotto, o Decamerão marca com certa nitidez o período de transição vivido na Europa com o fim da Idade Média, após o advento da Peste Negra — aliás é neste período de terror que a narrativa se passa.

Dez jovens (sete moças e três rapazes) fogem das cidades tomadas pela pandemia que dizimava impiedosamente o continente europeu ao se recolherem a uma casa de campo. Aconselhados por Pampinéia, a mais velha entre as mulheres, estabaleceram que escolheriam um chefe para o grupo para cada dia. Sendo ela a primeira escolhida, definiu: "(...)Para os que vierem depois, o processo de escolha será o seguinte: quando se vier aproximando a hora do surgimento de Vênus, no céu, à tarde, o chefe será, à vez de cada um, escolhido por aquele, ou aquela, que estiver comandando durante o dia.(...)"

O Decamerão, rompendo com a mítica literatura medieval, é considerado o primeiro livro realista da literatura.

As circunstâncias descritas em Decamerão têm o senso medieval de numerologia e significados místicos. Por exemplo, é amplamente acreditado que as sete moças representam as Quatro Virtudes Cardinais (Prudência, Justiça, Fortaleza, Temperança) e as Três Virtudes Teologais (Fé, Esperança e Caridade). E mais além é suposto que os três homens representam a Divisão da Alma em Três Partes (Razão, Ira e Luxúria) da tradição helênica.

As moças tinham idade entre 18 e 28 anos, eram bonitas e de origem nobre, e seu comportamento honesto. Agrupadas por acaso na igreja de Santa Maria Novela, resolvem continuar juntas e logo surgem três moços, com idade a partir dos 25 anos, agradáveis e bem educados, que procuravam suas amadas, que eram 3 das moças ali reunidas.

A Peste

Ilustração da peste negra na Bíblia (c. 1411). A narrativa oferecida por Boccaccio sobre o flagelo da peste negra que dizimara a Europa constitui um verdadeiro documento acerca desta praga que devastara o continente. Seu relato ilustra a doença (suas manifestações, evolução, sintomas, etc), bem como a reação das pessoas diante da perspectiva de uma morte horrenda, a ineficácia da religião católica dominante até aquele momento e de uma medicina quase ou totalmente ineficaz...

Um exemplo de sua descrição da peste dá-se logo no início da obra, pois ela (a peste) é a verdadeira razão de todo o livro:

“...tínhamos já atingido o ano ... de 1348, quando, na mui importante cidade de Florença... sobreveio a mortífera pestilência... nenhuma prevenção valeu, baldadas todas as providências dos homens... Nem conselho de médico, nem virtude de mezinha alguma parecia trazer a cura ou proveito para o tratamento.
A peste, em Florença, não teve o mesmo comportamento que no Oriente. Neste, quando o sangue saía pelo nariz, fosse de quem fosse, era sinal evidente de morte inevitável... apareciam no começo, tanto em homens como em mulheres, ou na virilha ou na axila, algumas inchações... a que chamava o povo de bubões... - passava a repontar e a surgir por toda a parte. Em seguida, o aspecto da doença começou a alterar-se; apareciam manchas escuras ou pálidas nos doentes. Nuns, eram grandes e espalhadas; noutros, pequenas e abundantes."
Estimando as vítimas em Florença e arredores em cem mil mortos, o autor revela também dois tipos principais de conduta: um, da luxúria desenfreada (as pessoas que passavam a beber e entregar-se aos prazeres); outro, onde pessoas se recolhiam, fechadas em grupos, orando e praticando o ascetismo — além de tantos que agiam entre estes dois tipos, adotando condutas intermediárias. Numerosas levas de gente saíam das cidades, vagando pelos campos, reunindo-se nas igrejas. Foi numa delas que encontrou-se o inusitado grupo que serve como narrador do Decamerão.

Vitória!!!

Olá Pessoal,

Temos uma noticia ótima!!!
O Manuel, a Alissa e a Camila, ex-alunos que participaram do Pré-Iniciação, conseguiram passar no vestibular e irão frequentar as universidades.
O Manuel passou na FEI em Engenharia, a Alissa passou na Metodista e vai fazer Jornalismo e a Camila passou na São Judas e vai fazer Psicologia (nenhum vai fazer História, rsrsrs).
Parabéns a todos. Beijos.
O Renascimento

Texto básico

Nos séculos XV e XVI a Itália conheceu um extraordinário desenvolvimento cultural que, posteriormente, alcançou outras regiões da Europa Ocidental, e que é conhecido como “Renascimento”. A expressão é ambígua, pois dá a entender que no período anterior (a Idade Média) a vida cultural estivera ausente, o que não corresponde absolutamente à verdade. Sabe-se, hoje, que a produção artística, literária e filosófica medieval foi extraordinária e, portanto, não se pode utilizar a expressão “Renascimento” com o sentido de “nascer de novo”.
As razões para esse desenvolvimento cultural encontram-se fundamentalmente nas novas condições sócio-econômicas da Europa no período de transição do Feudalismo ao Capitalismo. O desenvolvimento urbano, comercial e burguês foi poderoso estímulo para a produção intelectual. O humanismo é outro importante elemento que contribui para o Renascimento, ao lado da proteção dada pelos ricos burgueses aos artistas, fenômeno que se convencionou chamar de Mecenato.
O Humanismo, num primeiro momento, designava os elementos que buscavam reformar os currículos das universidades, até então essencialmente preocupados com as disciplinas teológicas. Procuravam incluir estudos de matemática, história, línguas e filosofia. Posteriormente, o termo Humanismo passou a designar aqueles que procuravam criticamente analisar as condições sociais em que viviam, confrontando-as com as do período feudal, a partir de uma nova visão do homem, individualista, cheio de vontade, impulsionador do progresso.
O traço característico do Renascimento foi a consciência de que se vivia um novo tempo, (daí a idéia de “nascer de novo), bastante distinto do mundo medieval. Assim, opunham o antropocentrismo ao teocentrismo; o individualismo ao coletivismo; o racionalismo à tradição; o hedonismo ao ascetismo e misticismo medievais.
A oposição aos tempos medievais levou à redescoberta da Antiguidade Greco-Romana. Não se pode, no entanto, afirmar que o Renascimento procurou imitar ou copiar os clássicos. Na realidade, pode-se ver claramente a influência que o classicismo desempenhou, mas o Renascimento vai muito mais longe. É um salto para a frente, ainda que aparentemente esteja voltado para o passado.
O Renascimento surgiu na Itália, em virtude das condições extremamente favoráveis que essa região apresentava. Basta lembrar o grande desenvolvimento das repúblicas italianas (Florença, Veneza, Gênova, entre outras) extremamente enriquecidas devido ao monopólio do comércio de especiarias orientais. A tradição clássica era muito mais vigorosa na Itália do que em outras regiões européias, e a atuação dos Mecenas se fez sentir com extraordinário vigor.
No setor artístico, o Renascimento se caracterizou, entre outros aspectos, por uma grande preocupação com a figura humana, valorizando-se o nu; a busca da perfeição no retratar o Homem levou a uma simbiose entre arte e ciência, desenvolvendo-se estudos de Anatomia, técnicas de cores, perspectiva. Utilizaram-se novas técnicas, como a pintura a óleo. O realismo, a harmonia, o senso de equilíbrio e a proporção são outros elementos observáveis.
A Literatura apresenta, de imediato, uma novidade, que é utilização das novas línguas nacionais, derivadas do latim: o espanhol, o português, o italiano, o francês. Tendo como tema central o Homem, os escritores, com profundo senso crítico, buscaram elaborar um novo conceito de vida e de homem. A época medieval foi profundamente satirizada em seus valores essenciais: a cavalaria, a Igreja, a nobreza.
A Ciência procurou explicar o mundo através de novas teorias, fugindo às interpretações religiosas típicas do período histórico anterior. O grande destaque é a utilização do método experimental, base da criação da ciência moderna. O Racionalismo é a característica dominante desse momento, que será o precursor de uma verdadeira “revolução científica” no século XVII.


Texto de Aprofundamento

A crise econômica dos séculos XIV-XV produziu uma profunda inquietação intelectual, que se traduziu, nos campos filosófico, artístico e literário, pela idéia de renovação cultural. Este fenômeno, parte integrante de um processo histórico mais amplo – o início da transição feudalismo/capitalismo – iniciou-se nas Repúblicas Italianas, por volta de 1350, estendendo-se, mais tarde, a outras áreas da Europa Ocidental. A expressão Renascimento é comumente utilizada para designar esta idéia de renovação, profundamente comprometida com a ressurreição das letras e das artes da Antiguidade greco-latina, e que, segundo os humanistas da época renascentista, teria representado uma ruptura com a “ignorância bárbara (gótica)”, que prevalecera durante a Idade Média.
No entanto, levando-se em consideração o atual estágio das investigações históricas acerca do tema, não se pode concordar, integralmente, com as concepções formuladas pelos humanistas dos séculos XV-XVI, como Giorgio Vasari (1511-1574), que por volta de meados do século XVI, utilizou-se do termo Rinascitá pela primeira vez. Vasari pretendia, com essa expressão, designar os sentimentos e a mentalidade d uma nova época que iniciara-se, originalmente na cidade-Estado de Florença, desde os fins do século XIV, e que se caracterizava pelo “renascimento” da Antiguidade clássica, repensada à luz do espírito dos novos tempos. Da mesma forma, pretendia dar a esta nova época uma unidade própria, diferenciada dos séculos precedentes, entendidos conforme assinalou-se acima, como uma autêntica “Idade das Trevas”.
Assim, deve-se deslocar por um momento, a análise para o que representa a Idade Média, segundo a perspectiva da produção intelectual e cultural. Apenas durante o século XIX, quando se verifica a reabilitação deste período pelo romantismo, começam a surgir novas abordagens, que vêem no Renascimento uma continuidade e não uma ruptura com a Idade Média. Tal é o caso do historiador holandês J. Huizinga, que em obra clássica escrita em 1919, entende o Renascimento como um prolongamento, um verdadeiro “outono da Idade Média”. Outros medievalistas, ao repensar o período, afirmam, inclusive, que o Renascimento teria sido tão somente um desdobramento de “renascimentos” que têm suas origens na própria Idade Média, como o “renascimento francês do século XII”.
As reflexões desenvolvidas até agora permitem compreender a complexidade do tema, os limites e a própria imprecisão do termo “Renascimento”. Dessa maneira, seria oportuno repensar a expressão a partir da perspectiva do historiador francês Jean Delumeau.
“Criada pelos humanistas italianos (...), a noção de uma ressurreição das letras e das artes graças ao reencontro com a Antiguidade foi, seguramente, uma renovação. (...)
Essa noção significa juventude, dinamismo, vontade de renovação. (...) Mas, o termo `Renascimento´, de acordo com os humanistas, que o aplicavam, essencialmente, à literatura e às artes plásticas, parece-nos insuficiente. Ele parece rejeitar, como bárbaras, as criações (...) sólidas e misteriosas da arte românica e, também, as criações mais esbeltas e dinâmicas da arte gótica. (...)
(...) Do ponto de vista de uma História total, (o termo Renascimento) significa – e não pode significar outra coisas – a promoção do Ocidente numa época em que a civilização da Europa ultrapassou, de modo decisivo, as civilizações que lhe eram paralelas. (...)
(...) A história do Renascimento é a história desses desafios e dessas respostas (O autor faz referências aos desafios impostos à sociedade européia pela crise econômica dos séculos XIV-XV, suas profundas implicações na consciência dos homens da época, e, ao mesmo tempo, as alternativas encontradas por essa mesma sociedade para fazer face à crise).
A crítica do pensamento clerical da época feudal, a recuperação demográfica, os progressos técnicos, a aventura marítima, um novo conceito de beleza, um cristianismo reelaborado e rejuvenescido: eis os principais elementos da resposta do Ocidente às tão variadas dificuldades que no seu caminho se haviam acumulado. (...)”
DELUMEAU, Jean. A civilização do Renascimento. Lisboa, Estampa, 1984, v. 1, pp 19-22)